O que pode causar obesidade?

Você já pensou no quanto o estilo de vida contemporâneo influencia na diminuição do gasto calórico? Por exemplo: com a popularização de aplicativos que permitem fazer (quase) tudo pelo smartphone, nos mexemos cada vez menos! 

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As pessoas não apenas não cozinham, mas sequer saem para buscar a comida pronta. Esse excesso de comodismo é uma das causas da obesidade — doença multifatorial de impacto global. Atualmente, há cerca de 830 milhões de obesos no mundo.

Neste artigo, a Dra. Andrea Baumgarten, médica funcional da clínica Aqua Vitae, detalha os principais responsáveis pela epidemia de sobrepeso. Além dos critérios amplamente conhecidos, ela também destaca a influência de novos fatores. Conhecê-los é o primeiro passo para se cuidar melhor, então: aproveite a leitura!

Quais são as causas da obesidade mais conhecidas?

Segundo a Dra. Andrea, existem quatro grandes causas ligadas à obesidade. São elas:

1. Alimentação industrializada

O consumo de produtos ultraprocessados tem relação direta com o aumento das taxas de obesidade. Refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas, sucos de caixinha, entre outros, são alguns dos principais exemplos.

“Alimentos industrializados costumam ser adoçados com xarope de milho. Esse ingrediente desencadeia um vício alimentar, pois libera endorfina e quem o consome se sente imediatamente feliz. Além disso, por serem ricos em açúcares, promovem uma elevada carga glicêmica. Isso faz com que o corpo ache que precisa estocar energia, o que leva ao ganho de peso”, explica a médica.

2. Sedentarismo

As facilidades da vida moderna (eletrodomésticos que realizam tarefas domésticas, diversos serviços de entrega a domicílio, automóveis, etc) faz com que as calorias não sejam gastas como antes. “No dia a dia, quase não fazemos atividades físicas. Com isso, houve uma redução importante no gasto calórico médio das pessoas em aproximadamente 500 calorias ( ¼ do que deveria ser gasto diariamente)”, afirma a Dra. Andrea.

3. Herança genética

“Estudos mostram que obesos têm quatro vezes mais chances de terem filhos com problemas decorrentes da obesidade”, diz a médica. Isso acontece porque a obesidade paterna pode induzir fenótipos programados em seus descendentes, por conta da epigenética. “É muito difícil para a criança silenciar esses genes. Ela terá que fazer dieta e praticar muito mais exercícios para conseguir alcançar o peso ideal”, esclarece a especialista.

4. Ansiedade e transtornos alimentares

“Vivemos em uma época de grandes exigências, em muitas frentes (casa, trabalho, etc) e ao mesmo tempo. Isso leva à ansiedade, a qual pode ser compensada por meio de uma relação nociva com os alimentos. Come-se para satisfazer um vazio, para ocupar a mente, para descarregar uma preocupação, etc”, relaciona Dra. Andrea.

Tal comportamento gera uma sensação de satisfação transitória com a alimentação. Mas com o tempo, pode levar a transtornos alimentares, como compulsão alimentar, bulimia, anorexia, entre outros.

Quais são os novos fatores relacionados à obesidade?

Além das causas mencionadas, a medicina funcional tem avaliado a influência de outros fatores relacionados à obesidade. Entre eles, destacam-se:

1. Intoxicação crônica

“Somos expostos, diariamente, a substâncias obesogênicas”, afirma Dra. Andrea. Por exemplo:

  • os ftalatos, compostos químicos presentes em produtos derivados de plásticos, como cosméticos, embalagens de alimentos, brinquedos, etc;
  • os poluentes orgânicos persistentes (POPs), como agrotóxicos e químicos de uso industrial, que permanecem por gerações no meio ambiente e contaminam as pessoas por meio da bioacumulação (na pele e pela alimentação).

2. Privação de sono

Quando a melatonina (conhecida como hormônio do sono, liberada entre 1 e 4 horas da manhã) não é produzida, ela não efetua uma das suas ações principais, que é a indução da saciedade. “Por isso que quem não dorme sente mais fome e quem dorme bem não”, relaciona a médica.

3. Estresse crônico

A exposição constante ao estresse leva a alterações metabólicas através  do aumento do cortisol (hormônio do estresse). Este aumenta a quebra de glicogênio em glicose. De forma mais simples, nosso corpo entende que se há perigo (estresse) é necessário disponibilizar energia (glicose) para fuga ou para luta. Este hormônio do estresse também aumenta a adiposidade visceral (gordura ao redor da barriga). 

4. Carências de micronutrientes e microbiota intestinal alterada

“A deficiência de vitaminas D (um pró-hormônio), B12 e Complexo B, bem como de magnésio, está relacionada à dificuldade de perder peso, pois elas todas atuam no metabolismo saudável”, afirma Dra. Andrea.

Além disso, o uso de antibióticos e corticóides altera o microbioma intestinal (flora bacteriana), levando à proliferação de bactérias que produzem toxinas chamadas de lipopolissacarídeos (LPS). Essas toxinas entram na corrente sanguínea, por meio dos intestinos, e geram uma inflamação sistêmica, a qual leva a um estado de fadiga, aumenta a retenção de líquidos e dificulta a perda de peso. Nas ultimas décadas, temos muitas publicações para tentar compreeder esta relação. 

“E mesmo quem não faz uso desses medicamentos não está imune, pois acaba ingerindo-os por meio das proteínas de origem animal. Isso porque, a indústria utiliza antibióticos na engorda do gado e das aves”, complementa.

Qual é a melhor maneira de tratar a obesidade?

Sendo a obesidade uma doença multifatorial, ela necessita de um tratamento multidisciplinar. Afinal, é possível — e preciso — cuidar do corpo, da mente e do espírito ao mesmo tempo. Dessa forma, evita-se situações em que se melhora em um aspecto, mas piora em outros.

Vale lembrar que, além do impacto sobre o bem-estar e a qualidade de vida, pessoas obesas, geralmente, têm diversas doenças associadas (como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e AVC). Por isso, não se trata apenas de um problema estético, mas de uma questão de saúde urgente. O primeiro passo para superar a obesidade é procurar um especialista para que, juntos, tomam todas as medidas para reverter o problema!

Se você está com sobrepeso, agende uma consulta com a Dra. Andrea e avalie a influência dos fatores apresentados no seu organismo. Especialista em clinica médica, certificada pelo Instituto de medicina funcional, nos EUA, seu olhar é focado no cuidado integral de cada paciente.